Eles chegaram lá no início dos anos 1960 para escapar da ditadura de Salazar, da crise econômica e das guerras coloniais. Entre 12.000 e 15.000 portugueses viviam no que gradualmente se tornou a maior favela da França. Os 45 hectares de terra árida no planalto de Champaign foram rapidamente apelidados de “A Segunda Capital Portuguesa” e foram desmantelados em 1972.
Este sábado à noite, em Champigny, é apresentado o filme “Les emigrés” que traça esta memória campino-lusitana. Noite especial com a presença do realizador José Vieira seguida de debate e concerto de Dan Inger dos Santos.
Entre estes imigrantes, José Vidalgo largou a mala em 1963, deixando a mulher e os filhos no campo. Em São Vicente da Raya, uma pequena aldeia que muitos partiram na esperança de regressar. Um dia, quando eles tiverem levantado dinheiro suficiente nos gloriosos locais da Trindade na França, para viver bem ali.
Um retorno imaginário muitas vezes não acontecerá. Pelo menos não para José Vidalgo. Ele conta para sua filha Altina, que chegou à França em 1969 com a mãe e a irmã, em seu primeiro livro Fado é apenas para bagagem Esta era ele também teve. Uma história que o fez conhecer o realizador José Vieira graças à rádio portuguesa Rádio Alpha.
Meu pai se tornou o herói de seu filme. Ele tinha 75 anos na época. “Ele ficou muito feliz e orgulhoso de contar sua história e de vir para Champagne há 55 anos”, disse Altina Ribeiro, que acaba de ser coautora de seu quarto livro. Biografia de Dan Inger dos Santos desta vez.
O líder da cena pop franco-portuguesa nasceu em Champaign, onde se apresentou regularmente no Café Le Belvédère. “O meu pai também chegou na década de 1960 com 17 anos. Nessa altura vivia no quartel de Chennevières, diz o músico. O ponto de contacto dos portugueses que chegaram a França era o Canto de Saudades, em Champigny.”
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Nada mais natural do que organizar um sábado à noite neste café, que se tornou um restaurante e há muito tempo se chama Embaixada de Portugal. “É aqui que os portugueses vieram encontrar um lugar para viver, um emprego e, sobretudo, onde se encontravam depois dos canteiros de obras”, acrescenta Altina.
Do abstracto quartel de Champigny, o pai distinguia-se sobretudo pela “falta de higiene”: “Só havia uma gota de água para todos, que congelava no inverno, depois quatro. Depois as caixas de correio para receber a correspondência da família.”
Esses são os “anos de lama” que esses homens não queriam dar às suas esposas e filhos. Em 1969, quando Altina chegou de sua aldeia, a família mudou-se para um apartamento no 14º arrondissement de Paris. O choque cultural também foi o choque de seus pais.