Personagens se esquivando de balas que desafiam a gravidade e o tempo, códigos de computador caindo do céu … Foi assim que “Matrix”, cujo quarto episódio foi lançado na quarta-feira, levou a ficção científica a uma nova dimensão.
Este novo episódio, assinado apenas por Lana Wachowski, marca um retorno entre a realidade e a Matriz do ciber-rebelde de óculos escuros de Neo (Keanu Reeves), e não hesita em reinterpretar imagens de filmes anteriores, incluindo o primeiro, lançado em 1999 e o culto de muitos.
– ‘Bullet time’ –
Essa é a imagem que fez cinema no terceiro milênio: no telhado de um arranha-céu, Neo evita a explosão de balas em câmera lenta estonteante, pois a câmera, circulando o palco, parece ter congelado o tempo. Inédito na época.
Uma combinação de frame travel e freeze, esse efeito especial que se tornou icônico é “uma câmera em movimento em um mundo parado”, resume Dominic Vidal, da empresa de efeitos especiais Buf, que trabalhou em três das quatro partes da saga.
Ele lembrou que “Bullet Time”, que influenciou duas décadas do cinema de ação, era de origem francesa. Antes dos Wachowskis, o diretor francês Michel Gondry, um gênio agente óptico, usava-o, no estilo Artisan, para … uma pedra lapidada (“Like a Rolling Stone”).
Os idealizadores de Matrix tiveram a ideia de aplicá-la em cenas de combate e profissionalizar o processo que na época exigia muitos meios técnicos para capturar uma mesma cena, ao mesmo tempo, a partir de dezenas de pontos distintos. de vista.
– colunas de código –
Uma enxurrada de códigos de computador verdes fluorescentes caindo do céu e terminando desenhando um universo paralelo, a Matriz … Essa ideia visual também fica nos registros.
“Na base havia um menu de ramen (macarrão japonês) misturado com números invertidos”, explica Dominic Vidal sobre essas formas que exércitos de fãs tentaram decifrar.
“Tem havido uma enorme quantidade de pesquisas sobre como as pessoas mostram + feito + em código de computador”, diz ele sobre o último efeito, que é abordado novamente em Revival.
Porque os Wachowskis são perfeccionistas. Em alguns efeitos especiais, suas equipes fizeram até 20 sugestões diferentes para “obter um esquema de cores para os efeitos”. Ele ri, “Temos planos de chegar à versão 150!”.
O resultado, do ponto de vista estético, foi Matrix que foi um divisor de águas, virando o cinema em uma era de “fundo verde” e efeitos digitais onipresentes, como garante Lloyd Cherry, fundador do podcast It’s More Than SF.
– Matriz e Metaverso –
Para muitos fãs, “The Matrix”, apresentando um grupo de rebeldes que lutam contra IA que aprisionaram humanos na Matrix, uma realidade virtual que simula o mundo exterior, é o épico mais esperado do início do século 21.
“Matrix disse muitas coisas sobre o que estava para acontecer, e a realidade se equipara à ficção científica com a chegada do 3D e da realidade virtual aumentada”, disse Lloyd Cherry.
Até a notícia das últimas semanas, com o surgimento do metaverso (uma contração do metauniverso), de que o gigante do Facebook anunciava que estava criando seu novo negócio, relembrando um pouco do universo Matrix.
No início, The Matrix também foi incorporado, combinando muitas referências diferentes, das artes marciais ao cinema de Hong Kong, passando pela mitologia religiosa e o Cyberpunk, como faz a cultura pop hoje, destaca Lloyd Cherry. Neo, um tipo de figura de Cristo em um longo casaco preto, com experiência em kung fu e hacking de computador, por si só resume essas influências.
E no ano passado, Lily Wachowski, que mudou de gênero como sua irmã desde o primeiro filme, deixou claro que via o trabalho como uma metáfora “passageira” à frente de seu tempo, em uma época em que as questões de fluidez de gênero eram mais secretas.