O Kremlin observou que Vladimir Putin estava “satisfeito” com sua entrevista por telefone na quinta-feira com Joe Biden e alertou o presidente dos Estados Unidos contra a imposição de sanções abrangentes a Moscou ligada à Ucrânia, o que seria um “erro fatal”.
“Estamos satisfeitos com as discussões que ocorreram hoje”, disse o assessor diplomático do Kremlin, Yuri Ushakov, à imprensa no final da entrevista, que descreveu como “franca”, “concreta” e “construtiva”.
Central telefônica entre MM. Putin e Biden, o segundo em menos de um mês, chegaram antes das negociações entre autoridades americanas e russas em Genebra, em 10 de janeiro, em meio a tensões em torno da Ucrânia.
Kiev e seus aliados ocidentais já acusam a Rússia de reunir dezenas de milhares de soldados nas fronteiras da Ucrânia em antecipação a uma possível invasão.
A Ucrânia é palco desde 2014 de um conflito civil entre Kiev e separatistas pró-russos no leste do país, que eclodiu após a anexação da Crimeia por Moscou.
Em uma entrevista por telefone no início de dezembro, Biden ameaçou Putin com sanções “sem precedentes” no caso de um ataque à Ucrânia.
“Seria um erro grave que poderia ter consequências graves”, disse Ushakov, acrescentando que tais medidas punitivas constituiriam um “rompimento” nas relações.
“Esperamos que isso não aconteça”, insistiu.
A Rússia nega qualquer orientação militar em relação à Ucrânia e, pelo contrário, apresenta-se como vítima das “provocações” de Kiev e da NATO, acusando a NATO de escalada de manobras nas suas fronteiras.
A Rússia apresentou recentemente dois projetos de acordo com o objetivo, segundo ela, de fornecer “garantias” para sua segurança, excluindo qualquer expansão futura da OTAN no Leste Europeu, em particular na Ucrânia.
“Precisamos de um resultado e lutaremos por ele na forma de garantia da segurança da Rússia”, insistiu Ushakov, durante as conversações em Genebra em janeiro.
Sobre essas negociações, o assessor do Kremlin disse que Moscou avaliaria a situação após algumas rodadas de negociações antes de “tirar conclusões”.
“As negociações não devem se transformar em discussões estéreis”, disse ele.
Em um artigo publicado na Foreign Policy antes da entrevista de quinta-feira, o embaixador russo nos Estados Unidos, Anatoly Antonov, alertou que a situação era “extremamente perigosa”.
“Tudo tem seus limites. Se nossos parceiros continuarem a construir realidades militares estratégicas que ameaçam a própria existência de nosso país, teremos que criar vulnerabilidades semelhantes para eles.