O satélite de monitoramento de exoplanetas Khufu tornou possível pela primeira vez detectar a deformação de um planeta – próximo a uma bola de rugby – através do efeito gravitacional de sua estrela.
A ave rara, apelidada de WASP-103b, está localizada na constelação de Hércules, a uma distância muito modesta de cerca de 1.800 anos-luz do sistema solar.
A equipa de astrónomos, liderada pela astrofísica portuguesa Susana Barros da Universidade do Porto, procurava uma amostra altamente distorcida devido à proximidade da sua estrela, disse Jacques Lascar, co-assinante do estudo publicado terça-feira no Journal of Astronomy and Astrofísica.
“Queríamos ver se podíamos detectar a forma de um planeta observando sua curva de trânsito”, ou seja, o contraste na luz que uma estrela produz ao passar na frente dela. , explica um astrofísico do observatório Paris-PSL. A ideia é que se tivéssemos um planeta como “uma bola de rugby ou futebol passando na frente da estrela, não teríamos a mesma curva de trânsito”.
A deformação do planeta serviu para fornecer informações sobre sua estrutura interna, rochosa ou gasosa. “A resistência de um material à deformação depende de sua composição”, observou Susanna Barros em um comunicado de imprensa da Agência Espacial Européia (ESA).
Para um planeta ser tão distorcido, ele deve estar muito próximo de sua estrela, para sofrer melhor o efeito de atração, chamado força de maré. É a mesma força que a Lua, e em menor grau o Sol, exerce sobre nossa Terra, distorcendo-a periodicamente em algumas dezenas de centímetros. Daí a sua famosa forma “batata”.
WASP-103b está notavelmente próximo de sua estrela, WASP-103. Cerca de 50 vezes mais perto de seu sol do que sua Terra. A ponto de fazer o passeio em apenas 22 horas, contra 365 dias para o nosso planeta azul.
Assim, o WASP-103b é submetido a uma enorme força de maré, que, se não o despedaçar, lhe confere sua forma particularmente rara, fora da esfera.
A equipe liderada por Susanna Barros conseguiu determinar que se o WASP-130b tivesse uma vez e meia a massa de Júpiter, o gigante gasoso do nosso sistema solar, seu raio teria sido duas vezes maior. “É definitivamente muito inchado por causa do calor de sua estrela e possivelmente outros mecanismos”, disse Susanna Barros.
Os cientistas supõem que, como Júpiter, ele tem um núcleo sólido, cercado por uma camada líquida, cercado por uma atmosfera gasosa. Mas, para ser claro, eles planejam ter tempo para observar com o Telescópio Espacial James Webb.
Assim, “para entender melhor como ela chegou lá”, acrescenta Jacques Laskar, convencido de que “ela não teria nascido neste lugar”.