Se Ken Loach é mais conhecido na Inglaterra como um cineasta da classe trabalhadora na França, é Robert Godegian quem assume o papel. Mas é preciso admitir que, ao longo dos anos, o diretor de cinema de Marselha acabou se cansando de repetir a mesma retórica nostálgica sempre na frente popular, sempre proferida pelos mesmos atores, sua esposa Ariane Ascaride no papel principal. E depois vem a Gloria Mundi, que foi uma boa surpresa.
Porque a história, que certamente ainda transcende sua ideologia esquerdista, preocupa-se sobretudo com os personagens. Mais precisamente para a família, principalmente para as duas gerações desta família.
Os pais – o pai é motorista de ônibus, a mãe é faxineira – abandonaram seus ideais juvenis. E suas duas filhas têm características completamente diferentes: a mais velha, que acabou de nascer, não consegue mais se sustentar com o marido, que trabalha como motorista de Uber, enquanto a mais nova se tornou amiga de um intrigante para quem o dinheiro fácil é uma obsessão …
Com personagens bem definidos e situações altamente realistas, Guédiguian deve a si mesmo o domínio de cada homem, nascido dos excessos do capitalismo. Ao prestar atenção às dificuldades dos jovens na casa dos trinta, o cineasta de “Marius e Janet” conseguiu renovar sua inspiração.